Alimentação Natural

Nutrição

A alimentação natural (AN) não é uma ideia nova, uma vez que o advento das rações é novo em relação a todo o tempo de domesticação dos cães e gatos. Donos de animais geralmente têm duas opções disponíveis ao escolher o tipo de alimento para os seus animais de companhia. Eles podem preparar uma dieta caseira ou comprar um alimento comercialmente preparado.

Nos últimos anos houve aumento das preocupações sobre o uso de aditivos e conservantes em alimentos comerciais e a percepção de redução da qualidade dos nutrientes que resulta das técnicas de processamento de alimentos. Mais recentemente, a desconfiança na segurança aumentou em resposta ao recall de 2007. 

O motivo do Recall foi a morte de 16 animais (oficialmente confirmadas) com falência renal e hepática. Neste período, a FDA (Food and Drug Administration), agência responsável pela regulamentação de alimentos e medicamentos nos EUA recebeu mais de 14.000 reclamações sobre animais domésticos com sintomas de perda de apetite, vômitos e apatia, os principais sintomas da intoxicação. A empresa canadense Menu Foods, a maior fabricante de rações da América do Norte, retirou do mercado 60 milhões de enlatados, com isso teve início o interesse em alimentos alternativos para cães e gatos.

O incidente assumiu grandes proporções a partir da identificação do agente causador, o glúten de trigo importado da China e contaminado com melamina (C3H6N6), composto orgânico, comumente produzido a partir da uréia, utilizado na indústria plástica (resina melaminaformaldeído), além de constituir subproduto de vários pesticidas, inclusive da ciromazin. Fontes de nitrogênio não protéico (NNP), principalmente a uréia, são utilizadas em nutrição de animais ruminantes, que convertem o nitrogênio (N) em proteína, através da atividade bacteriana ruminal. Animais monogástricos (como os cães) não são hábeis em utilizar o NNP, sendo essas fontes incomuns na indústria pet food.

Quando nos referimos à alimentação natural e caseira, pode-se imaginar uma alimentação à base de sobras, completamente desbalanceada por duas razões: não se pode extrapolar os requisitos humanos para os cães e, na maioria dos casos, a alimentação não é balanceada nem para humanos e, tratando-se de sobras o caso agrava-se.

Alguns conceitos errôneos a respeito da alimentação natural podem ser citados:

1 – A dieta do cão ser exatamente aquela preparada para os humanos – a utilização deste tipo de alimento não é adequada aos animais. O excesso de temperos culinários, como o cloreto de sódio, e a deficiência de alguns minerais, como o cálcio, podem causar desordens nutricionais severas ao seu cão.

2 – As sobras de comidas podem ser utilizadas para o seu cãozinho – se alimentação humana não é adequada, as sobras são, normalmente, bastante desbalanceadas, com um excesso de carboidratos e lipídeos e carência de proteínas.

3 – Alguns petiscos não fazem mal – chocolate, pães e biscoitos humanos não devem ser oferecidos ou compor uma dieta balanceada para os cães. A treobromina, substância encontrada no chocolate, pode ser tóxica se ingerida em grande quantidade. Pães e biscoitos têm um excesso de carboidratos (amido e açúcares).

4 – Podem ser utilizados ingredientes de má qualidade – a alimentação deve ser elaborada com ingredientes de alta qualidade. Aparas de carne, tendões, pele de frango e outros alimentos normalmente descartados na elaboração de uma refeição humana não devem ser base para a dieta.

5 – O custo é mais baixo que alimentos comerciais – uma dieta bem elaborada tem custo semelhante ou superior àqueles alimentos comerciais da linha super premium.

6 – Toda alimentação natural é prejudicial ao animal – este conceito não procede, uma vez que é possível balancear, com alimentos e ingredientes utilizados rotineiramente como base da alimentação humana (tais como carnes, legumes, frutas e cereais), uma dieta adequada.

Esse tipo de alimentação pode ser utilizada em diversos casos como, alergias nutricionais, obesidade, síndrome da má absorção, oncologia, problemas renais, ou mesmo quando o animal é saudável. 

A flexibilidade de tal dieta permite substituições de itens individuais com vários ingredientes sendo testados para uma resposta alérgica particular. Uma dieta terapêutica adequadamente formulada pode também ser facilmente modificada para alterar os níveis de nutrientes e atender às necessidades de um animal de estimação individual. No entanto, é imperativo ter em mente que todos esses benefícios dependem da identificação de uma receita adequada e pré-testada bem como o cumprimento a longo prazo com a preparação e instruções de alimentação.

A maioria das receitas permite que o proprietário prepare um volume relativamente grande ao mesmo tempo e congele pequenas porções para uso prolongado. Ingredientes nunca devem ser substituído ou eliminados da receita por causa do perigo de desequilibrar a dieta. Donos de animais de estimação também devem estar cientes dos perigos do fornecimento de itens dos alimentos, em vez de uma dieta completa. Da mesma forma, projetando orientações nutricionais humanos atuais, como redução de gordura e sódio geralmente não são apropriados para cães e gatos.

Nas últimas décadas, uma série de alegações de saúde humana tornaram-se associados ao consumo de certos tipos de alimentos, ingredientes e nutrientes. Exemplos incluem a relação entre o consumo de fibras e ingestão de gordura dietética e saúde cardíaca e gastrintestinal. Como resultado direto dessa tendência na alimentação humana, nutricionistas de animais e fabricantes de alimentos para animais de estimação começaram a investigar o uso de dieta e ingredientes da dieta para o manejo nutricional das condições da doença em cães e gatos. Isso resultou em um rápido aumento do número de dietas terapêuticas.

Tipos de dietas

A designação “natural” abrange os alimentos sem produtos químicos e sem conservantes artificiais. Não existe nenhuma definição por parte dos órgãos regulatórios brasileiros para esse tipo de dieta.

Segundo a The European Pet Food Industry Federation (FEDIAF), uma definição mais estrita seria: componentes dos alimentos para animais de estimação sem eventuais aditivos e que apenas tenham sido submetidos a um processamento para torná-los aptos para produção pet food e a manutenção do conteúdo de todos os nutrientes essenciais. Em 2000, a Association of American Feed Control Officials (AAFCO) definiu “natural” como: “um alimento ou ingrediente derivado exclusivamente a partir de fontes vegetais, animais ou minerais, estado não processado ou ter sido sujeito a processamento físico, processamento de calor, renderização, purificação, extração, hidrólise, enzimólise, ou fermentação, mas não tendo sido produzida por, ou sujeito a um processo quimicamente sintético e que não contenha quaisquer aditivos ou auxiliares de processamento que sejam quimicamente sintéticos, exceto em quantidades que possam ocorrer inevitavelmente em práticas de manufatura” (AAFCO, 2007).

Esta definição exclui o uso de quaisquer conservantes sintéticos, saborizantes e corantes em produtos rotulados como “naturais”. No entanto, nutrientes traço adicionados, tais como vitaminas, minerais e taurina são quimicamente sintéticas, as diretrizes da AAFCO permitem o uso de nutrientes em alimentos para animais de estimação “completos e balanceados” com uma declaração, por exemplo, “ingredientes naturais com vitaminas e minerais adicionados”.

Os alimentos crus para animais de estimação seguem a mesma linha dos naturalistas humanos e condenam todos e quaisquer alimentos industrializados. Uma dieta natural proposta por Ian Billinghurst (1993), é comumente referida como dieta BARF, acróstico de “bone and raw food”, ou “biologically appropriate raw food” (ossos e alimentos crus), composta por alimentos de origem animal crus, juntamente com vegetais. Outra proposta é feita por Tom Lonsdale, referida como PREY MODEL, modelo de presas.

Segundo Tom Lonsdale (2001), “alimento natural é aquele que se aproxima do alimento consumido em estado selvagem composto somente de carcaças ou presas) inteiras. Neste conceito descartam-se, inclusive, os processamentos mais simples, como moagem, cocção e congelamento”.

O modelo de presa baseia-se na premissa de que a dieta de um animal de companhia deve imitar a de suas contrapartes selvagens, por outro lado as dietas BARF incluem frutas, vegetais e suplementos.

Como os cães foram domesticados por seres humanos e evoluíram ao longo de milhares de anos para serem onívoros. Por exemplo, quando você vê imagens de cães de rua, eles geralmente estão se alimentando perto de pilhas de lixo. Os cães não estão tão intimamente relacionados aos lobos como se acreditava. O genoma de cães domesticados adaptou-se ao longo do tempo para auxiliar a digestão e a utilização de uma dieta contendo amido. Assim, a dieta BARF é mais equilibrada para os cães de hoje, em relação a uma dieta PREY MODEL. Vegetais, frutas e suplementos são importantes para eles, bem como carne. Por outro lado, os gatos ainda são carnívoros e podem sobreviver sem vegetais e frutas, embora suas dietas cruas possam precisar de suplementos vitamínicos e minerais também.

Vantagem das dietas naturais

A AN vem ganhando vários adeptos pelo mundo todo, e não é por acaso.

Vejamos algumas vantagens deste tipo de dieta:

1 – Toda dieta caseira naturalmente contém pelo menos 70% de água (umidade), o que facilita a digestão dos alimentos e protege diretamente a saúde dos rins e do trato urinário.

2 – Não contém aditivos, como conservantes, flavorizantes, aglutinantes, corantes, entre outros, muitos dos quais podem ser prejudiciais à imunidade e à função hormonal, além de estarem associados a alterações comportamentais, alergias e até tumores.

3 – É muito atraente ao paladar dos cães por ser úmida, variada e minimamente processada, o que preserva o sabor de cada alimento. A inclusão regular de alimentos diferentes amplia a variedade de nutrientes ingeridos e reduz o risco de intolerância/sensibilidade e alergias alimentares, associadas à oferta de dietas monótonas, sem variação de ingredientes (como acontece com as rações secas).

4 – Redução do volume e odor das fezes. Por não apresentar o excesso de fibras grosseiras e carboidratos que compõem as rações convencionais, a AN apresenta um aproveitamento superior, gerando pouco resíduo para o corpo eliminar.

5 – A dieta natural do lobo (ancestral do nosso cachorro) é em grande parte carnívora, enriquecida com frutas, raízes, fezes de outros animais e gramíneas. Na alimentação natural muitas das características de alimento são adequados a sua fisiologia e metabolismo.

6 – Mais palatável, uso de ingredientes frescos de alta digestibilidade e são muito bem aceitas para cães com apetite caprichoso ou convalescentes

7 – Podem ser preparados visando objetivos específicos, como dietas hipoalergênicas (baseadas em testes de sensibilidade alérgica e eliminando todos os alimentos alergênicos)

8 –  Confiabilidade (desde que bem formulada)

Muito embora cães e gatos apresentem fisiologia e metabolismo distintos com relação ao aproveitamento de carboidratos dietéticos, ambos são considerados anatomicamente carnívoros. Seus ancestrais eram basicamente caçadores, cuja dieta não possuía mais de 5% de energia provinda de carboidratos. Em suas origens o cão era um carnívoro restrito. Em seu estado selvagem a dieta consistia basicamente em produtos de origem animal, com supremacia de proteína e lipídeos. 


Uma dieta ancestral biológica refere-se ao tipo de alimento que seria consumido pela espécie a qual se destina caso ela vivesse na natureza. De modo geral, isso significa alimentar seu cão como se fosse um lobo e o gato doméstico como se fosse um gato selvagem. A primeira coisa que uma matilha de lobos consome quando mata suas presas são os órgãos internos, seguidos pelos grandes músculos esqueléticos. Nas 48 horas seguintes, os lobos consomem ossos, tendões, cartilagens e pele, deixando o rúmen e os ossos inquebráveis por último. Nos meses de verão, a dieta dos lobos torna-se mais variada e incluem roedores, pássaros, invertebrados e material vegetal. A ingestão típica de macronutrientes pelos lobos, com base na energia metabolizável, consiste em 54% de proteínas, 45% de gorduras e 1% de carboidratos, enquanto os cães domésticos consomem dietas secas com até 60% de carboidratos. 

As pesquisas indicam que, durante o processo de domesticação dos cães, foram selecionados genes com papéis-chave no metabolismo do amido, no entanto, deve-se considerar que muitas raças não expressam da mesma forma esses genes e podem ter problemas com a inclusão de alto carboidrato em suas dietas. Como algumas raças nórdicas, como a Shiba Inu, apresentam uma menor capacidade de digerir o amido em virtude do déficit hereditário na síntese de amilase. O mesmo déficit na digestão do amido parece afetar outras raças, como o cão-lobo checoslovaco (também conhecido como Wolfdog da Checoslováquia).

A redução na utilização de ingredientes de origem vegetal como primeiros ingredientes pode contribuir também para um aumento no aproveitamento da dieta de uma maneira geral. Case et al. (2011) citam que fontes de proteína de origem animal apresentam superioridade na digestibilidade quando comparadas às de origem vegetal, como por exemplo, o glúten de milho.

Assim, A Quinta oferece alimentos para o seu cão com um conteúdo de proteínas e gorduras que atendam as recomendações e com mais baixo carboidratos em relação ao alimento seco produzido pelas indústrias de alimento pet do mercado.

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